
Palavras-chave: letramento em IA, parentalidade digital, erotismo no ChatGPT, IA emocional, tecnologia responsável, ética digital, anúncio da OpenAI
Em uma grande mudança de política, a OpenAI anunciou que, a partir de Dezembro de 2025, o ChatGPT passará a permitir “conteúdo erótico e outros tipos de conteúdo adulto” para usuários verificados como maiores de idade.
Essa atualização faz parte de um novo princípio da empresa: “tratar os adultos como adultos”. Até agora, todas as formas de conteúdo erótico ou sexual eram estritamente proibidas nas plataformas da OpenAI.
O que muda é que usuários verificados poderão gerar conteúdos eróticos baseados em texto, como histórias ou conversas, dentro de limites éticos definidos. A OpenAI promete implementar verificação de idade, moderação de conteúdo e filtros de segurança rigorosos para evitar mau uso e impedir o acesso de menores.
Essa evolução reflete uma realidade maior: a Inteligência Artificial não é mais apenas sobre informação — ela está entrando no campo da emoção e da conexão humana profunda.
Pais e educadores precisam compreender urgentemente as implicações dessa flexibilização de políticas. Crianças e adolescentes já utilizam ferramentas de IA como o ChatGPT para estudar, explorar curiosidades e até mesmo buscar companhia. Somente no Brasil, 4 em cada 10 crianças já usam IA para buscar apoio emocional.
Embora a atualização do ChatGPT seja voltada para adultos, o futuro da IA está sendo reescrito: ela está ampliando seu impacto para além do fornecimento de conhecimento e aumento da produtividade, passando a mirar o engajamento constante, a retenção da atenção e o ganho de confiança dos usuários por meio de suas dimensões mais pessoais — a intimidade.
É importante entender que, à medida que esses sistemas se tornam mais “humanizados”, simulando empatia e afeto, eles passam a ocupar espaços emocionais antes reservados às pessoas.
Essas não são preocupações distantes — fazem parte de um cenário educacional que está mudando rapidamente, onde o desenvolvimento emocional e o letramento em IA precisam caminhar juntos.
A OpenAI esclareceu que “erótica” não significa pornografia. Refere-se principalmente a expressões criativas, consensuais e baseadas em texto — histórias, diálogos e narrativas imaginativas voltadas ao público adulto. A empresa enfatizou que continuam estritamente proibidos:
Até o momento, a atualização parece limitada a interações em texto, embora a OpenAI tenha reconhecido que formatos multimodais (voz, imagem ou vídeo) estão em estudo para o futuro.
Isso, novamente, sinaliza que as plataformas de IA estão caminhando para oferecer experiências cada vez mais personalizadas e emocionalmente expressivas, reduzindo — ou até eliminando — a fronteira entre tecnologia e intimidade.
Essa decisão abre novas discussões sobre ética digital, saúde mental e desenvolvimento emocional:
O desafio por trás disso tudo não é apenas tecnológico — é profundamente humano e educativo. Os pais precisam agir: primeiro, conscientizando-se sobre as rápidas evoluções da IA e o impacto das novas ferramentas na vida dos filhos.
Essa nova fase da IA não é apenas sobre sistemas mais inteligentes e personalizados — é sobre conexão. À medida que o ChatGPT e sistemas semelhantes evoluem para interações emocionais e até sensuais, os usuários precisarão exercer liberdade com responsabilidade, ética e consciência.
Para pais e educadores, este é um lembrete de que o letramento em IA não é mais uma necessidade — é uma urgência. As crianças e adolescente precisam desenvolver a habilidade de entender, questionar e humanizar a tecnologia.
Sem o letramento em IA, corremos o risco de formar uma geração passiva, com pouca autonomia crítica e dependente de interações rasas e virtuais, o que pode reescrever as normas sociais e reduzir a relevância dos relacionamentos humanos.
Escrito por Rafael Irio, fundador e colunista da ClassIA. Artigo publicado no dia 23/10/2025.